Fórum do SENAI mostra que inovação, política industrial e desenvolvimento econômico têm tudo a ver
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- há 6 dias
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Em evento com instituições públicas e privadas de financiamento e pesquisa e desenvolvimento, SENAI apresenta estudo da contribuição da rede de inovação no PIB do país
Como avaliar o impacto da inovação no desenvolvimento econômico do país? Com essa provocação, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) reuniu, na Casa Firjan, no Rio de Janeiro, instituições públicas e privadas relevantes para o financiamento e a realização de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) no país.
O evento aconteceu nesta terça-feira (14), um dia após a divulgação do Nobel de Economia 2025, concedido para três pesquisadores por seus estudos sobre crescimento econômico impulsionado pela inovação.
O fórum também foi a oportunidade de apresentar o estudo da Universidade de Lund, na Suécia, com o Instituto Fraunhofer, da Alemanha, sobre a contribuição da primeira rede de pesquisa aplicada da indústria - os Institutos SENAI de Inovação - no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.
Participaram representantes do Sistema Indústria, dos bancos Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Interamericano de Desenvolvimento (BID), da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Agência Nacional do Petróleo, Gás natural e Biocombustíveis (ANP), Petrobras, entre outros.
Rede SENAI de Inovação contribui com 0,66% do PIB
O superintendente de Inovação e Tecnologia do SENAI, Roberto Medeiros, abriu o evento falando do consenso entre diferentes atores: o interesse em avaliar melhor o impacto do ecossistema de inovação.
Como exemplo, os pesquisadores do Fraunhofer Torben Schubert e Markus Will detalharam a metodologia e os resultados do estudo de impacto da rede SENAI de Inovação, que, em oito anos, contribuiu com 0,66% do PIB brasileiro na média anual, sendo responsável pela adição de cerca de R$ 1 mil no PIB per capita - que no período analisado foi de R$ 52 mil.
O estudo, inédito nessa linha no Brasil, comprova o retorno econômico de investimento em ciência, tecnologia e inovação. Para se ter uma ideia, na Alemanha, a rede Fraunhofer, que tem quase 80 anos, 30 mil funcionários e 76 institutos, contribui com 1,6% do PIB alemão.
“Dado o pouco tempo de existência da rede e a economia do país, esse é um resultado muito significativo, que mostra que, com o investimento certo, temos um excelente retorno”, reconheceu Torben Schubert.
Para Markus Will, a inovação só funciona com articulação entre governo, indústria e instituições de pesquisa. “Aqui no Brasil, é interessante que a rede foi criada por mobilização do setor industrial. As empresas viram a necessidade de uma ponte entre pesquisa básica e aplicação industrial, que é a pesquisa aplicada”, explicou.
Confira um resumo do que foi discutido em cada painel:
Estudos de Impacto para Direcionamento Estratégico
Carlos Bork, superintendente de Projetos de Inovação da CNI
Precisamos agregar valor às nossas riquezas, para deixarmos de ser apenas um exportador de commodities para sermos detentor e exportador de tecnologias e produtos de alto valor. O SENAI vai nos ajudar a traçar esse caminho.
Bruno Plattek, gerente de Desenvolvimento Produtivo e Inovação do BNDES
Em um cenário de instabilidade geopolítica e de desindustrialização, agenda de inovação é central. Infraestrutura de ciência e tecnologia e financiamento. Avaliação de impacto para incorporação na política industrial.

Impactos dos Investimentos em P,D&I na economia brasileira
Paulo Gala, professor de economia da FGV
Sair de renda média para renda alta é um grande desafio, e só economias baseadas em inovação conseguiram. O caminho que o Brasil tem para se desenvolver é esse, da inovação no setor industrial.
Mariana Rodrigues França, superintendente de Tecnologia e Meio Ambiente da ANP
Acreditamos muito na diversificação das fontes de financiamento para PD&I. Estamos há 26 anos investindo em inovação no setor de energia, como política de estado e não de governo. Mais de 700 projetos por ano e estamos em busca de indicadores.
Paula Bucchianeri De Nadai, gerente de Redes de Inovação da Embrapii
A Emprapii tem mais de 3,5 mil projetos aprovados. E, em uma pesquisa de impacto que divulgaremos em breve, descobrimos que 68% dos projetos resultaram em inovações e 54% das inovações desenvolvidas chegaram ao mercado.
Newton Kenji Hamatsu, superintendente da Área de Transição Energética e Infraestrutura da Finep
Temos observado crescimento significativo no financiamento, tivemos R$ 44 bilhões contratados entre 2023 e 2025, em mais de 4.800 projetos. Os recursos têm chegado não só nas grandes empresas, mas nas pequenas e médias e startups.
Lilian Melo, diretora executiva de Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobras
Batemos 270 patentes esse ano. Somos a empresa que mais tem patentes registradas no país, e ficamos muito orgulhosos desse papel que desenvolvemos, mas queremos mais. A pergunta não é se temos impacto da inovação, porque temos, mas como potencializar essa inovação.

Metodologias para avaliação do impacto da inovação
Ana Costa, Superintendente de Desenvolvimento Social e Gestão Pública do BNDES
Inovação é o acúmulo de erros e acertos, e o Brasil tem a visão de curto prazo, negamos visão de futuro para o país, porque estamos focados em orçamento. Entramos em um ciclo vicioso e não virtuoso.
Fabrício Silveira, superintendente de Política Industrial da CNI
É ótimo termos resultados significativos de impacto das nossas redes de inovação, mas precisamos construir uma cultura de avaliação prévia e contínua, que vai ajudar na formulação, implementação e aprimoramento das políticas públicas.
Rafael Dantas, consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)
É muito bom ver atores tão relevantes para a inovação preocupados com estudos de impacto. Há alguns anos, esse tema não era tão abordado

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