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O artesanal e autoral dominam os primeiros dias da SPFW

  • sindivestedesign
  • há 23 horas
  • 4 min de leitura

Escrevo essa newsletter direto da sala de desfiles da São Paulo Fashion Week, no Parque do Ibirapuera. O evento que comemora 30 anos nessa edição vem apresentando as coleções de designers e marcas que cada vez mais mergulham de cabeça no trabalho artesanal e na autoralidade como forma de diferenciação e afirmação de identidade, e por quê não, posicionamento. Num mercado cada vez mais saturado pela produção massificada, o artesanal e o especial podem despertar sentimentos e um maior sentido para investir em uma nova peça de moda.


Ainda estamos na metade do evento, é cedo para afirmar, mas são essas características que parecem cada vez mais ser as apostas quando falamos de moda brasileira.

Trazemos aqui pra você um apanhado dos principais desfiles até o momento. As fotos das coleções completas estão no nosso site que você podem acessar aqui.


Ronaldo Fraga

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Os desfiles de Ronaldo Fraga, desde que ele estreou no então Phytoervas Fashion, há mais de 30 anos, sempre foram sobre muito mais do que roupas, mas sobre um dos elementos que fazem a moda ser moda: a emoção. As peças também são feitas de muito mais do que tecidos, mas de palavras, tantas vezes bordadas nas roupas e seu retorno às passarelas depois de uma pausa de seis anos faz todo sentido. E mais ainda, quando a homenageada é a poesia do cantor e compositor Milton Nascimento.


Minas Gerais, terra Natal de Milton e de Ronaldo, é o endereço afetivo e de referências da coleção, feita depois que o estilista assinou o figurino da turnê de despedida do compositor. Ao propor que a moda nos leve para um lugar além do ordinário da vida me transporta para as letras das músicas de Milton.


Na modelagem, os volumes das mangas são protagonistas, e as peças estilo camisola do início do desfile vão se metamorfoseando em vestidos com decote princesa, no vestido inteiro de crochê marrom. Os jeans escuros são destaque, assim como o decorativismo do dourado que traz o barroco mineiro e a reverência ao “rei” de Minas Milton Nascimento. Beija-flores, notas musicais e marias-fumaças completam as referências ao repertório musical do cantor.


Marina Bitu

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Um look branco inteiro plissado abre o desfile e já diz muito do que a jovem estilista cearense - um dos destaques da nova geração - propões de usa moda. As dobras pequenas trazem delicadeza, enquanto a repetição e textura final, força. Ele é coberto, mas transparente. Há um jogo de dualidades intencional, artesanal, numa moda de conjuntos (saias e blusas, blusas e calças) e em conjunto (do grupo), feita por mulheres, para mulheres. Para completar, ela une o seu design à arte de outra mulher, a pintora Djanira da Motta e Silva.


Ela retrata o cotidiano, e dele Marina empresta as estampas de mulheres negras e brancas, e uma cartela de cores primorosa, ora setentista, ora modernista, com combinações de vermelho e rosa, tons pastel, rosas antigos que viram marrons que viram tons de terra. Tudo interligado.


Nas estampas e nos plissados talvez estejam as melhores peças. Caso do vestido túnica longo com amarrações e franzidos, arrematado com uma estampa gigante da obra de Djanira. Ou o conjunto em tom de terra de calça plissada e top decotado.


Escamas do peixe camurupim dão aspecto de conhcas translúcidas, obras de um artesão do Ceará, enfeitam blusas, saias e o vestido longo em tom creme, bordadas uma a a uma. Um desfile que tem seus melhores momentos nessa força delicada e poética dos detalhes.


Flavia Aranha

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O perfil de sua moda, com processos que levam tempo, como tingimentos manuais feitos por artesãs de diferentes regiões do país que ela mesma visita in loco, não parece combinar com a pressa e o alarde com que as passarelas parecem lançar e descartar tendências e coleções. Mas eis que dessa vez a estilista fez barulho com as texturas, as cores e as colaborações da natureza.


Na coleção, os conjutos lânguidos e molengas de seda que são a marca registrada da estilista, ganharam, além de drapeados, novos franzidos, numa alusão a peças utilitárias que usamos para explorar a floresta. Há anos morando em Paraty, Flavia fala que lá se sentiu mais próxima da natureza, o que aumentou sua percepção sobre os detalhes. E a deixou talvez mais curiosa para explorar novas texturas, como os volumes de casulos, as franjas de fibra de malva, os macarmês feitos de sementes de açaí.


Cada detalhe parece que conectar com um coletivo naturalmente interligado. A cartela de cores traz pesquisas tecnológicas por trás, caso do verde criado a partir de bactérias da Amazônia, ou os tingimentos com argila vermelha. O artista indígena Xadalu Tupã Jekupé, que já participou de mostras no Brasil e no mundo, criou a pintura manual de algumas peças da coleção.


Catarina Mina

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Catarina Mina é uma marca que nos faz pensar sobre as possibilidades da matéria prima. E, aqui, não me refiro apenas as manualidades, mas sim na sua inteligência de olhar o tecido, entendê-lo e mostrá-lo em seu melhor.

 
 
 

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