Empresas que são referência no Brasil em descarbonização, varejo, tecnologia, além de fóruns empresariais, apresentam conquistas e oportunidades para lideranças femininas no ENAI
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Quais lições grandes lideranças femininas de diferentes setores, como varejo, mineração, tecnologia e saúde, têm para compartilhar sobre as conquistas e oportunidades para as mulheres na economia? Ana Cabral, CEO da Sigma Lithium; Adriana Costa, diretora da Siemens Healthineers; e Luiza Trajano, presidente do conselho de administração da Magazine Luiza; estão à frente de empresas que revolucionaram e continuam na vanguarda de suas áreas de atuação.
Ao lado do presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban; e junto a Monica Monteiro, presidente do Fórum Nacional da Mulher Empresária da CNI, e Camila Farani, empresária e business senior host na CNBC Brasil, o trio de gestoras falou no painel Protagonismo feminino na economia e na indústria do futuro, do 14° Encontro Nacional da Indústria (ENAI), que aconteceu em Brasília, nesta quarta-feira (27).
Segundo as participantes, as empresas já consolidaram avanços e apresentam resultados sob a liderança feminina. Além disso, elas chamam atenção para o espaço que mulheres podem e devem ocupar nas áreas de descarbonização e transição energética, além dos fóruns empresariais.
Revolução social e ambiental
O trabalho da Sigma Lithium no vale do Jequitinhonha, uma das regiões mais pobres do Brasil, começou há 12 anos. Segundo a CEO Ana Cabral, colocar uma indústria inovadora e com uma proposta tão ousada, de produzir lítio triplo zero – zero carbono, zero uso de químicos nocivos e zero rejeitos, com 100% de energia limpa – era “uma alucinação”. Isso porque a mineração é um setor complexo de descarbonizar, o chamado “hard to abate”.
“Não é milagre, é resiliência e consistência de entrega. Hoje, temos 40% das nossas lideranças femininas. A gente recebe clientes e concorrentes e sempre comentam ´eu nunca vi tantas mulheres em uma indústria de base´”, orgulha-se. A empresa, que tem como maior concorrente a China, já conquistou clientes produtores de baterias do Japão e da Coreia. “E outros números mostram nosso diferencial: 80% dos nossos funcionários são do Vale do Jequitinhonha, região que está crescendo, em média, 20% ao ano. Criamos 1.500 empregos diretos e 13 mil indiretos”, detalha.
Para Ana Cabral, a transição energética e a descarbonização, que movimenta US$ 1,2 trilhões em investimentos em todo o mundo, são a oportunidade para novas lideranças femininas.
De usuárias a desenvolvedoras de tecnologias médicas
Adriana Costa, diretora da Siemens Healthineers, encara como missão não só profissional, mas pessoal, melhorar o acesso à saúde. “Metade da população global não tem acesso à saúde de qualidade. A tecnologia tem papel fundamental nisso, assim como as parcerias público-privadas”, defende. Ela cita como exemplo parcerias com o Ministério da Saúde e o Hospital das Clínicas para tratamentos de radioterapia e consultas e exames a distância, com uso do 5G.
A diretora da empresa referência em inovação na área da saúde conta que o tema economia do cuidado foi bastante discutido no B20 e W20 – fóruns empresarial e de mulheres do grupo das 20 maiores economias do mundo, o G20. Isso porque as mulheres são público do sistema de saúde e, na maioria dos lares brasileiros, são também as responsáveis por cuidar da família.
“Somos empresa alemã com unidade fabril no Brasil há mais de 12 anos. Temos uma área aqui de pesquisa e desenvolvimento e investimos milhões de reais. É cada vez mais importante, considerando nossos desafios econômicos e sociais, termos soluções digitais para uma cadeia eficiente de saúde. O diagnóstico precoce salva milhares de vidas”, justifica. Para Adriana Costa, as mulheres, que por tanto tempo assumiram os cuidados da família, têm a oportunidade de estar do outro lado.
Consumo movido a preço, qualidade e tempo de entrega
Toda empreendedora vê em Luiza Trajano, por muitos anos CEO e hoje presidente do conselho de administração da Magazine Luiza, uma inspiração de liderança feminina. Não são poucas as lições que a empresária carrega e compartilha. Começando pelo papel da mulher na economia de um país: “O consumo é o que move todos nós, empresários, que estamos nessa sala. E quem mais orienta o consumo no mundo? A mulher”.
É essa visão de cliente e de chefe da casa que as empresas precisam ter se querem consolidar sua gestão e inovar. Para Luiza Trajano, sem diversidade, não se chega a lugar algum; e agora que há mais mulheres no mercado de trabalho e em postos de liderança, é preciso avançar: aumentar a representatividade na política e em conselhos.
Sobre a empresa que esteve por tanto tempo sob seu comando, ela destaca o pioneirismo em diferentes frentes: “Nascemos lá no interior e hoje temos 1.500 unidades e a maior influenciadora digital, que é a Lu do Magalu. Hoje, 60 a 70% do nosso faturamento vem do marketplace. Fomos procurados pelo Ali Baba para primeira parceria deles fora da China”. Apesar das conquistas, ela pondera que o sucesso depende de outros fatores, como infraestrutura, especialmente porque, para o varejo, o tempo de entrega é tão importante quanto preço e qualidade.
Fóruns para impulsionar empreendedorismo feminino
Presidente do Fórum Nacional da Mulher Empresária da CNI, Mônica Monteiro é categórica: “Não existe economia e indústria sem mulher”. Ela lembrou que a Confederação é responsável pelo secretariado do Conselho Empresarial do BRICS (Cebrics) no Brasil e que esse espaço deve ser utilizado para impulsionar os negócios e melhorar a representatividade feminina.
“Nosso fórum (da Mulher Empresária da CNI) vem para aumentar o número de mulheres, não só no quadro das empresas, entre funcionárias e diretoras, mas como empresárias. Que as pequenas empreendedoras virem médias e as médias virem grandes”, afirma.
Segundo Monica Monteiro, atualmente, apenas 14% das empresas estão registradas em nome de mulheres. “Estamos com sindicatos e associações, queremos aumentar o faturamento e as exportações das empresas lideradas por mulheres”.
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