Os sapatos icônicos eternizados por Martin Margiela furaram a bolha graças a um date que terminou em roubo.
O produto mais desejado do trimestre, segundo a plataforma Lyst, é um verdadeiro ícone de moda e divide opiniões: os Tabis – sapato da Maison Margiela que possui uma divisão entre os dedos do pé. Apesar de não ser um modelo recente e de já ter roubado a cena em outros momentos, o motivo que o fez ser mais pesquisado (as buscas cresceram 342%) no mês de setembro foi um vídeo que viralizou no TikTok.
O viral que fez a Tabi popular
Nele, mais de 178 milhões de usuários acompanharam o perfil @Nextlevellexuss, cujos Tabis foram roubados por seu namorado, que ela conheceu no Tinder. Lexus expôs o ocorrido em uma série de vídeos, como se fosse uma verdadeira investigação, abusando do bom humor e sendo aplaudida por todos que assistiram.
No relato em vídeo, a nova iorquina explica que no segundo encontro com seu pretendente do Tinder, os dois foram para o apartamento dela. Na manhã seguinte, Lexus não só percebe que Josh já havia deixado o apartamento antes dela acordar, mas também como havia roubado sua caríssima Tabi Mary Jane da Maison Margiela, que custa mil dólares.
A busca pelo ‘‘Tabi Swiper’’ se transformou em um das séries de vídeos mais reproduzidas sobre o calçado dentro do Tik Tok e foi fator fundamental para a popularidade antes inimaginável do modelo nos últimos dois meses. No fim, ela recupera os sapatos!
A história da Tabi Boots da Margiela
O belga Martin Margiela, fundador da marca, buscou referências nas meias dos trabalhadores japoneses, chamadas tabi, cuja origem data de antes do século XV.
O design que divide os dedos foi pensado para promover o equilíbrio por meio da separação do dedão do pé – uma estratégia holística de reflexologia que promove uma mente mais clara.
O designer queria um sapato que desse a ilusão de um pé descalço apoiado no calcanhar. Mas o design era radical demais para que qualquer sapateiro topasse produzi-lo. Foi então que Geert Bruloot, dono da boutique Cocodrillo, em Antuérpia, apresentou Margiela ao seu futuro sapateiro: um artesão italiano chamado Zagato.
De acordo com Bruloot, ele mostrou ao Sr. Zagato o protótipo do tabi durante o jantar, e os olhos do sapateiro brilharam. O sapato apareceu logo de cara no primeiro look que Margiela apresentou em seu desfile de estreia, em 1988, em Paris.
Desde então, diversas marcas como Nike e a japonesa Sou-Sou criaram suas versões do modelo que sempre arrancou comentários, mas nem sempre elogios por onde passavam.
Mas isso nunca fez do sapato um hit. Ele só era visto nos pés de fãs da marca de Margiela, que eram poucos nos anos 1990 e 2000. “Eu ganhei meu primeiro par de Tabi nos anos 2000, de presente da Erika Palomino, com quem eu trabalhava na época. Eu era super nova e nem sonhava poder comprar uma bota da Margiela. Era de noite, a gente estava num club e no meio da pista, ela e o Felipe Venâncio falaram: ‘vamos dar o presente da Cami?’. E com uma cara sapeca me deram uma caixa sem logo nenhum. Quando eu abri, eram as Tabis. Lembro deles ficarem olhando pra minha cara esperando minha reação e eu, sem reação nenhuma por 3 minutos até cair a ficha de estar ganhando só o sapato mais icônico da história da moda contemporânea.”, conta Camila Yahn, editora do FFW.
De fato, o design, que hoje ganhou novas versões (Sapatilhas, Mary Janes, Oxford, tênis entre outras) não passa despercebido. A apatia não é uma opção, realidade cada vez mais rara no mundo da moda. A real questão é: agora, como produto mais pesquisado do momento, será que as Tabis, símbolo de autenticidade, conseguem manter esse apelo enquanto caem na onda da viralização?
Fonte: FFW
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