Com colaborações de Caio Caldas e G. Galeria, linha da marca faz graça com os elos culturais entre Brasil e França
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Rosa-chiclete, amarelo-manteiga. Azul, mas não tipo anís — mais claro, tipo barba de dragão. O branco leitoso de uma bala de coco e o brilho de pequenos paetês, que caem sobre a mesa como chocolate granulado. Ignorado o ‘ronc-ronc’ da máquina de costura e o cheiro agasalhado de roupa recém passada, o ateliê de Lucila Pena na QI 11 do Lago Sul mais parecia uma loja de doces. “Nessa coleção vem tudo pastel!”. Um verão com gosto de bala, taí! Não é uma má ideia.
Sentamos para trocar um papo, afinar as ideias, inventar. Falei que a cartela me tinha um quê de Miami em 1960, de norte da Itália. Do Grande Hotel de Budapeste aos subúrbios de Edward Scissorhands. Mas o design… volumoso sem pedir licença, eterno e autêntico. Confortável, inteligente, desafetado… é o parisiense que foge para Búzios. o francês falado com sotaque brasileiro.
Coleção disponível no site oficial LUCILA
O Revoar nasce tirando sarro, chega se despedindo. “Tipo au revoir, sabe?” explico em nossa terceira xícara de café. De origem mineira, Lucila gosta de tudo que é do Brasil. Misturando o pão de queijo com baguette, a coleção tomou forma apresentando sabores da mesa francesa com tempero regional. As cores de Provence com o gingado da Bahia. O pão francês, o “Croassã”. O “Parlevú” na ponta da língua.
Além de se juntarem bem na boca, Brasil e França combinam com arte — e de arte, Lucila gosta. Já são múltiplas as colaborações com artistas, galerias e músicos. Para esse verão, Lu chamou no nublado de Londres o talento brasiliense de Caio Caldas.
Com uma sensibilidade única para reimaginar encontros cotidianos através de cores e personagens lúdicos, derivados de uma nova vertente do pop-art, Caio é desses artistas que pinta com humor, convidando o observador a participar de um universo único, sensorial e narrativo. Seu sem-limite criativo para a prosopopeia ativa a imaginação, formando um espelho turvo da maturidade cosmopolita visto com as lentes inocentes da infância. Em suma, o cara é bom, talentoso, e mesmo sem nunca ter testado a temperatura nas águas da moda, topou a loucura num estalo.
Em poucas ligações todo mundo se entendeu. Ele no fuso do Big Ben, a gente na cervejinha das 18h. No espaço entre Europa e América, O Revoar foi criando asa.
A ironia, a graça e a diversão fizeram morada no produto e no processo. Sem levar arte a sério, as ilustrações de Caio revelam símbolos clichê do lifestyle parisiense envoltos num chiste que só se entende do lado de cá do Atlântico.
Do outro lado do fatto a mano, Gabriela de Oliveira, da hypada G. Galeria, trouxe o dulcificado mundo d’O Revoar para a terceira dimensão. Seus charms e bolsas de miçangas coloridas entraram para a família entendendo a piada.
Veio o poodle, veio o sutiã, veio a alça para carregar o vinho. Quê mais é necessário? Um corpo que encorpe a brincadeira, uma alma que almoce esse banquete à francesa. Beba do rosé, coma da laranja — com caroço e tudo.
Fotos: Alexia Fidalgo
Styling: Theodora Zaccara
Produção: Júlia Macêdo e Donata Fidalgo
Beleza: Indy Montiel
Joias: Luciana Narciso
Ilustrações: Caio Caldas
Acessórios: G.Galeria
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