Somente no Brasil, 170 mil toneladas de lixo têxtil são descartadas anualmente
Cemitério de roupas usadas no Deserto do Atacama, no Chile
O Deserto do Atacama, no Chile, tem peculiaridades que atraem turistas de todas as partes do mundo. Considerado o deserto mais alto do mundo, chama a atenção de entusiastas de aventuras, astrônomos e arqueólogos. No entanto, suas areias escondem um detalhe insólito: um aterro a céu aberto, apelidado de 'Cemitério de Roupas Usadas', que somente entre janeiro a outubro de 2021 recebeu mais de 21 toneladas de tecidos descartados.
Segundo a organização Global Fashion Agenda, nos últimos anos, 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis foram descartados, e a tendência é de que esse número aumente em 60% em um período de oito anos. No Brasil, são 170 mil toneladas de lixo têxtil descartadas anualmente, segundo o Sebrae.
As fotos das 'montanhas' de roupas descartadas no deserto chileno viralizaram em 2023 e levataram uma questão importante sobre sustentabilidade: Como deve ser feito o descarte correto de roupas e recidos?
E - ao contrário de resíduos como papel, plástico, metal e vidro, alvos constantes de campanhas de reciclagem que já fazem parte da rotina de milhões de brasileiros -, a destinação de roupas e tecidos pode não ser tão óbvia e ainda deixa dúvidas.
Por isso, o Terra preparou um guia para te ajudar a saber quando doar, reutilizar ou reciclar esses materiais de maneira eficiente e sustentável.
Cemitério de roupas usadas no Deserto do Atacama, no Chile
Lixo têxtil e microplásticos
Primeiro, é importante entender que, além das roupas, sobras de tecidos de confecções também são considerados lixo têxtil, explica a designer e professora do Instituto Federal de Santa Cantarina (IFSC) Bruna Lummertz Lima.
A maior parte das composições de tecidos de peças de vestuário é produzida a partir de poliéster ou poliamida, que se aproxima ou é feitas de plástico, explicou Bruna em um artigo do instituto.
Dentre as substâncias que compõe as confecções e podem ser nocivas ao meio ambiente, além do plástico, estão os corantes, que podem poluir a água e o solo, e produtos químicos, usados na produção de roupas e podem ser prejudiciais tanto à natureza quanto à saúde humana.
Descarte correto
É preciso considerar alguns fatores antes do descarte de uma peça de roupa ou tecido, segundo a designer. Por exemplo: Caso haja algum dano, é possível consertar? O reparo, de acordo com Bruna, é mais barato que uma peça nova, além de ser mais sustentável. Outra alternativa é a doação da peça para instituições de caridade ou brechós beneficentes.
A designer também incentiva a troca de peças entre amigos. "É uma chance de trocar o guarda-roupa sendo sustentável e não gastando dinheiro". As roupas também podem ser direcionadas a instituições locais que realizam o remanejo das peças, reutilizando o tecido para novos produtos.
No caso de peças sem condição de uso, o material pode ser encaminhado à reciclagem têxtil que, diferente de outros resíduos descartáveis, demandam a desfibragem, um processo que transforma os tecidos desgastados em novos fios para serem usados como matéria-prima em outros produtos.
A reciclagem têxtil atende à Política Nacional de de Resíduos Sólidos (PNRS). Também há fabricantes que realizam a logística reversa, recebendo as peças desgastadas para o descarte correto, bem como redes varejistas que oferecem pontos de coleta e programas próprios de reciclagem de roupas.
Fonte: Terra
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