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ESPECIAL: Para 2024, uma moda com mais toques sustentáveis

Movimento que eleva a sustentabilidade tem ganhado espaço nas semanas de moda internacionais e destacam trabalhos de marcas e designers que mostram ter responsabilidade em suas criações

O ano de 2023 sem dúvidas está sendo marcado pelo despertar global de sentimentos sobre as mudanças climáticas. De agosto a outubro, países ao redor do mundo mostraram novas coleções para Primavera/Verão de 2024. Algumas marcas se destacaram com responsabilidade em suas criações. Acontecimentos, principalmente climáticos, vêm causando reflexos diretos na indústria têxtil e fazendo com que grandes marcas e desfiles de referência sejam movimentos em busca de novas práticas na moda que possam oferecer menores impactos no meio ambiente. No continente asiático, a Lakmé Fashion Week, que ocorreu em Nova Delhi, capital da Índia, e a Shanghai Fashion Week, na China, foram dois dos últimos eventos que apresentaram marcas responsáveis e eco-friendly. Proporcionalmente, na Europa e Estados Unidos, tal movimentação ainda parece tímida.

Lakmé Fashion Week

Varun Bahl (Reprodução Lakmé Fashion Week IG)


No primeiro dia da semana de moda da Índia a coleção de Varun Bahl, intitulada “Inner Blossom”, surpreendeu com a celebração da fauna e flora no design dos exuberantes vestidos e saias inspiradas no artesanato indiano. Por meio de tecidos sustentáveis, versáteis e tecnologicamente inovadores da indústria R | Elan – cuja matéria-prima são de materiais reciclados – os bordados tridimensionais da coleção de Varun trouxeram vida às estampas botânicas, e foram um show entre requinte no design e responsabilidade ambiental. Após a apresentação de sua coleção, Varun explicou que sempre acreditou na sustentabilidade como o futuro da moda, e que com a utilização de tecidos sustentáveis, eles criaram uma coleção festiva e absolutamente única.


Amita Gupta (Reprodução Lakmé Fashion Week IG)


Já as marcas da Amita Gupta e Swatti Kapoor não ficaram para trás. A coleção de Amita Gupta Sustentable, “The Age of Urban Re Foresting” (A Era da Reflorestação Urbana, em tradução livre) teve seu foco na sustentabilidade por meio da fabricação de peças com algodão khadi orgânico, e do reaproveitamento de resíduos dos tecidos em botões, bolsos e bolsas. Além disso, os resíduos de fios de urdidura foram engenhosamente transformados em cordões para adornar as peças de tons terrosos.


Swatti Kapoor (Reprodução Lakmé Fashion Week IG)


A coleção Sahara, de Swatti Kapoor, por sua vez, teve como inspiração o deserto africano e celebrou as culturas do Egito, que foram expressadas no design de peças vibrantemente boêmias. A sustentabilidade estava na escolha dos tecidos; o fino chanderi, variando de 40 a 50 gramas, combinado com o khadi mul, o chanderi listrado e o algodão/seda tecido à mão proveniente de Bengala, criaram uma tapeçaria vibrante de onze tons.

Shanghai Fashion Week

ICICLE (Reprodução)


Na China, a marca ICICLE debutou na abertura da Shanghai Fashion Week. A coleção teve seu foco em designs atemporais que conseguem transitar sua beleza no cotidiano do dia-dia, sem se atrelar a tendências efêmeras, e mantendo certa distância do sistema de moda convencional. Segundo Ye Shouzeng, fundador e executivo-chefe da marca, eles trabalham com materiais naturais e sustentáveis, como a caxemira, linho, lã, seda e algodão, e o seu conceito de design tem a intenção de preencher a lacuna entre entre a modernidade e a tradição, promovendo um estilo de vida modesto e sustentável.

Mais sustentabilidade nas temporadas internacionais…

Copenhagen Fashion Week

Na Dinamarca, a Copenhagen Fashion Week estabelece requisitos sustentáveis para as marcas participarem com seus desfiles, proposta existente desde 2020. A movimentação deixou rastros de referenciais a serem seguidos no mundo da moda. Os critérios fazem parte do Plano de Ação de Sustentabilidade que tem a intenção de influenciar as práticas de mudanças a longo prazo na indústria. Dessa forma, todas as marcas que se candidataram tinham que cumprir o conjunto mínimo de padrões, entre eles ter pelo menos 50% da coleção certificada, feita de materiais preferenciais ou materiais sustentáveis ​​de nova geração, reaproveitada, reciclada ou feita de estoque morto; Não destruir roupas não vendidas de coleções anteriores e não lançar mão do uso de peles de animais nas peças.

Dentre outros requisitos estão os critérios para melhores condições de trabalho para as pessoas envolvidas na indústria da moda, demonstrando que sustentabilidade vai além do meio ecológico, uma vez que envolve também a comunidade.

Abaixo seguem imagens das marcas que se destacaram no Copenhagen Fashion Week com a tendência cor de rosa:



New York Fashion Week

Com cerca de 35 marcas eco-friendly no calendário oficial, a New York Fashion Week, fez desta temporada, a mais sustentável de todas. Muitas delas, marcas emergentes e idealizadas por designers da nova geração. A exemplo, a marca Tanner Fletcher, que estreou na passarela do NYFW se colocando no mercado como uma marca sem gênero, especializada em pret-a-porter, bolsas e joias, que ultrapassam os limites entre masculinidade e feminilidade.



Seus fundadores Tanner Richie e Fletcher Kasell, recorreram a materiais econômicos e vintage, confeccionando roupas a partir de lençóis de estoque morto da década de 1960 e restos de charmeuse de seda de estoque morto e aplicações de rendas.

Eles trouxeram novas formas de utilizar a cinta-liga e o design de blazers, ternos e vestidos transitavam entre a estética vitoriana e os toques etéreos.

Paris Fashion Week


Nas ruas de Paris, o desfile de Stella McCartney, com um quê de popular, foi realizado em frente à Torre Eiffel. Isso posicionou a marca de luxo consciente em meio a semáforos e feiras, com looks marcados por traços da estética do rock anos 90. O termo “luxo consciente” se dá pelo uso de matérias-primas alternativas, de base vegetal ou tecnológica, que tomou conta de 95% da coleção de Verão 2024. Jaquetas, blazers e t-shirts com um olhar vintage mostraram a conexão entre Stella e os seus pais. Com fortes inspirações do movimento musical, os designs possuíam referências à banda de Paul e Linda McCartney. Refletindo as raízes da estilista, que conectou seu mundo da moda ao rock inegável da sua linhagem.

Milan Fashion Week


Na Itália, a marca que ganhou destaque foi a Rave Review que recicla tecidos para estofados, e é uma das pioneiras nas práticas de Upcycling desde 2017. Transformando velhas toalhas de mesa, lençóis e cortinas em peças divertidas, eles começaram a produzir roupas altamente polidas, feitas inteiramente com tecidos e roupas pré-existentes. A coleção verão 2024 teve forte influência do romance kitsch, do punk e do grunge, com paletas de looks brancos monocromáticos, flores branqueadas e jeans desgastados.


Outra coleção que vale a pena citar foi a Asa Branca, da marca brasileira Natural Cotton Collor, que levou as influências nordestinas para o grande desfile italiano, com direito a confecção sustentável, utilizando o algodão colorido orgânico da Paraíba. Os 20 looks expressam através dos bordados e estampas a cultura do Sertão Nordestino, e a coleção é uma homenagem ao pássaro símbolo da esperança para as terras áridas, que antecede as raras chuvas.

London Fashion Week


Mostrando que as marcas emergentes são as que mais aderiram ao movimento sustentável, no penúltimo dia da London Fashion Week, a coleção da britânica-nigeriana Tolu Coker debutou com seu primeiro desfile apoiada pelo programa NewGen do British Fashion Council (BFC). A coleção “Irapada” que significa “Redenção” em Iorubá, celebrou a cultura de um dos maiores grupos étnicos da Nigéria. A designer fundiu as tendências do design contemporâneo às referências tradicionais das gerações anteriores.

As coleções, em grande parte sem gênero, são apoiadas por práticas sustentáveis ​​que incluem a produção local, a garantia do pagamento de salários justos e a utilização de tecidos em estoque e a reciclagem de materiais residuais sempre que possível.



Fonte: Lackman

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