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Desfile Beleza Negra exalta herança afro dentro e fora das passarelas

Com o tema Afrofuturismo, desfile deste ano projeta um futuro de cores e reconhecimento da herança africana no país


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20/11/2024 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. DBN-Desfili da Beleza Negra na torre de TV em comemoração ao dia da Consciência Negra / Marcelo Ferreira/CB/D.A Press


Como parte das celebrações do Dia Nacional da Consciência Negra foi realizado o Desfile Beleza Negra, na Torre de TV de Brasília, nesta quarta-feira (20/11). O evento, que contou com o apoio do Correio Braziliense e da Secretaria de Cultura, teve a participação de 58 modelos, usando coleções assinadas por marcas de destaque, como Dona Olga, Balaio Acervo, Loud, Purple Acervo e Estilo África.


Para a idealizadora do projeto, a produtora de moda Dai Schmidt, o Desfile Beleza Negra é fundamental para celebrar, valorizar e promover as identidades e culturas negras. “Ele não apenas cria um espaço de representatividade em um universo muitas vezes excludente, como também estimula a autoestima, a inclusão e o protagonismo de pessoas negras. Além disso, ao unir moda, arte e debates sociais, o evento promove a conscientização sobre questões históricas e contemporâneas relacionadas ao racismo, igualdade de oportunidades e valorização cultural”, conta.


Pela primeira vez, o desfile acontece em feriado nacional e o tema escolhido para o evento foi "Afrofuturismo", que, para Dai, propõe uma “ruptura com narrativas eurocêntricas”, ao trazer uma perspectiva na qual as pessoas negras são protagonistas de histórias de empoderamento e transformação. “Para o Desfile Beleza Negra, o evento não só celebra as raízes e tradições, mas também projeta possibilidades ilimitadas para o futuro, sendo um convite à imaginação e à criação de novos caminhos na moda, nas artes e na sociedade. É inovador por misturar estética futurista com narrativas de resistência, criando um impacto visual e simbólico poderoso”, afirma a produtora de moda.


Visitantes


Jornalistas, críticos de moda, entusiastas da cultura africana e o público geral puderam prestigiar a ancestralidade e a riqueza da herança afrodescendente diversa no país.


Drauzio dos Santos, 59 anos, funcionário público, esteve na festividade e falou ao Correio sobre a importância dessa experiência. “Eu sou uma pessoa negra, e saber que tem um evento preparado para falar sobre a consciência negra me deixa muito feliz”, declara.

Durante o desfile, Drauzio foi convidado a se juntar às modelos e teve a oportunidade de desfilar na passarela. “Adorei participar porque para a nossa autoestima é algo muito bom. Foi a primeira vez que eu desfilei e gostei demais dessa experiência nos palcos”, ressalta com muita alegria.


O modelo haitiano Roberson Michel, 32, chegou ao Brasil em 2015 e descreve a importância de participar do evento. "É muito bom para nós que somos negros. Celebramos essa festividade e fazemos o mundo ver e respeitar a nossa cor, até porque o racismo não deveria existir. Todos nós somos iguais e a cor do nosso sangue é a mesma, sentimos a mesma dor, pensamos também e fazemos as mesmas coisas. Não deveríamos ser um grupo de pessoas que está lutando para entrar na sociedade", enfatiza.


O profissional de educação física e treinador de basquete, Kelvin Henrique França, 33, levou a filha para o evento a convite de um amigo e ressalta que é uma grande oportunidade de apresentar a ela um ambiente com vários tipos de estética diferentes. "A beleza negra precisa ser ressaltada, precisa ser reconhecida e engrandecida por tudo que todos os negros fizeram e fazem até hoje", declara.


Kelvin conta que é sua primeira vez no evento e que se divertiu bastante ao lado da filha Amora Inocêncio França, 7. "Estávamos aqui perto, passeando e resolvemos passar aqui a convite de um amigo. Estou muito feliz e admirado com tudo que vimos. A criança também compartilha o mesmo sentimento do pai. "É a minha primeira vez aqui e gostei muito", disse. Indagada se gostaria de ser modelo ela disse: "Eu ainda não sei, porque eu penso em várias coisas", conta.


Duas décadas de Desfile


A primeira edição do Desfile Beleza Negra ocorreu em 2012, na Rodoviária do Plano Piloto e, desde então, vem se consolidando cada vez mais na cidade. “O desfile surgiu como um contraponto com o Capital Fashion Week. Na época, teve um formato de protesto para exigir mais presença de pessoas negras nas passarelas”, explica Dai Schmidt.


Ao longo dos anos, o desfile vem crescendo e chamando a atenção de diversas figuras importantes da cena artística e cultural brasileira, como o ator Jorge Guerreiro, que participa do projeto há três anos como sócio-diretor. “O DBN esse ano vem com o tema afrofuturismo. Ele vem querendo mexer nesse imaginário sobre o futuro preto, o futuro onde as pessoas pretas estejam. Começamos a ter uma preocupação de como é que vai ser o futuro dessas pessoas”, afirma.


Jorge Guerreiro conta que trazer a ideia do afrofuturismo, nesse momento em que o país instituiu o feriado do dia 20 enquanto data comemorativa, é extremamente importante. “Dá um orgulho muito grande. Eu estou muito feliz com o que está acontecendo agora e que venham os próximos. É uma vitória ver Brasília instituir isso e estar presente ali nessa primeira vez”, declara.


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